Os departamentos de RH enfrentam muitos desafios para melhorar a experiência do trabalhador e alcançar dois grandes objetivos: retenção de talentos e engajamento dos colaboradores. A mobilidade interna, conhecida como mobilidade de talentos, tornou-se uma ferramenta estratégica nesse processo.
Cada vez mais discutida nas empresas, a mobilidade interna é a chave para manter uma força de trabalho consistente, permitindo atuar além da oferta de bonificações ou salários mais atrativos. Além de uma boa remuneração, as oportunidades de progressão na carreira vêm assumindo protagonismo crescente entre os fatores que mais pesam na decisão de bons profissionais por determinada área, cargo ou empresa.
Confira a seguir como funciona o processo de mobilidade interna, de que forma ela está redefinindo o panorama corporativo e como o RH se torna um aliado estratégico nesse processo.
O que é mobilidade interna
Em um mercado de trabalho cada vez mais dinâmico, em que os profissionais estão sempre em busca de novos desafios, a mobilidade interna assume papel estratégico para impulsionar o crescimento e desenvolvimento tanto dos colaboradores como das próprias organizações.
Basicamente, ela refere-se à prática de movimentar colaboradores dentro da organização, seja trocando de área, assumindo um novo cargo ou ainda participando de projetos temporários. Por meio dela é possível oferecer oportunidades de desenvolvimento, crescimento profissional e preenchimento de vagas com talentos internos. Isso não apenas favorece fortemente a retenção de talentos, mas também estimula um ambiente em que os colaboradores se sentem motivados e valorizados.
Há três razões básicas pelas quais a mobilidade interna pode ocorrer. Uma delas é pelo reconhecimento. Ou seja, um funcionário é promovido para assumir um cargo mais elevado em decorrência de seus esforços e competências.
Há também a possiblidade de uma mudança alinhada ao interesse do próprio colaborador de se desenvolver e se aprimorar na carreira, dando espaço para que ele explore novas habilidades.
Uma terceira hipótese está relacionada à eficiência operacional e organizacional da empresa, que leva determinado colaborador a ser remanejado para outra área ou função para suprir as demandas de um novo projeto, por exemplo.
Como funciona a mobilidade interna
Cada empresa acaba desenvolvendo seus próprios métodos e políticas para definir o funcionamento da mobilidade interna de seus colaboradores. Em geral, alguns passos básicos desse processo incluem:
– Identificação de talentos: O RH desempenha um papel crucial na identificação e desenvolvimento de talentos dentro da organização, destacando colaboradores com habilidades e potenciais específicos.
– Comunicação efetiva: O RH deve promover uma comunicação interna transparente sobre oportunidades de mobilidade, garantindo que os colaboradores estejam cientes das possibilidades de crescimento dentro da empresa.
– Avaliação de competências: A análise das competências e habilidades de cada colaborador é fundamental para direcionar as movimentações internas de forma estratégica, alinhando as necessidades da empresa com o perfil de seus profissionais.
– Programas de desenvolvimento: O desenvolvimento de programas que visam capacitar os colaboradores para novos desafios é uma responsabilidade do RH, proporcionando suporte para transições suaves.
Tipos de mobilidade interna
A mobilidade interna pode se dar em variadas direções, sempre com o intuito de promover o crescimento profissional e a eficiência empresarial.
Mobilidade horizontal
A mobilidade horizontal, ou lateral, envolve a transferência entre diferentes áreas ou departamentos, no mesmo nível hierárquico. Em geral ela acontece por necessidade da empresa de remanejar pessoas para suprir funções em outros times.
As vantagens desse tipo de mobilidade incluem ampliar a visão do profissional e permitir que ele desenvolva habilidades diversificadas, além de facilitar a formação de equipes multifuncionais.
Mobilidade ascendente
A mobilidade ascendente refere-se à progressão na carreira dentro da hierarquia organizacional. É o movimento vertical que leva os colaboradores a assumirem posições de maior responsabilidade, autoridade e influência.
Esse tipo de mobilidade vai além do simples avanço na escada corporativa; trata-se de uma evolução que impulsiona o desenvolvimento pessoal e profissional. Ela favorece, entre outros aspectos, o aprimoramento de competências e habilidades e a experiência prática de aprendizado, já que envolve assumir desafios mais complexos.
Mobilidade geográfica
A mobilidade geográfica, que também costuma ser chamada de transferência, ocorre quando envolve uma mudança de local de trabalho, seja para outras filiais da empresa ou novas unidades de negócios. Neste caso, as vantagens incluem a oportunidade de novas experiências culturais, além de ampliar a presença da empresa em diferentes regiões e promover sua internacionalização.
Embora em geral esse tipo de mobilidade não implique aumento na remuneração, vale ressaltar que a própria CLT determina que o empregador ofereça uma ajuda de custo para cobrir gastos relacionados ao deslocamento.
Mobilidade temporária
Conhecida e chamada de mobilidade por projetos, a mobilidade temporária envolve deslocamentos temporários para projetos específicos, treinamentos ou substituições, e costuma facilitar a troca de conhecimentos. Aprimorar habilidades específicas e suprir necessidades especificas, sazonais ou pontuais da empresa. O vínculo empregatício com a empresa permanece o mesmo, geralmente não há mudança na remuneração.
Qual o papel da mobilidade interna
Em geral, a mobilidade interna atua como importante facilitadora do desenvolvimento profissional, além de contribuir para o crescimento sustentável das empresas.
Benefícios para os profissionais:
Valorização do potencial interno
Incentivar a mobilidade interna significa reconhecer e valorizar o potencial existente dentro da própria empresa. Os colaboradores são encorajados a buscar novos desafios e a crescer profissionalmente sem a necessidade de buscar oportunidades em outros lugares.
Desenvolvimento de competências
Ao permitir que os profissionais transitem entre diferentes setores e projetos, a mobilidade interna é um mecanismo eficaz para o desenvolvimento de competências. Isso contribui para a formação de equipes multifuncionais e colaboradores mais versáteis.
Engajamento e retenção de talentos
A oferta de oportunidades de crescimento interno eleva o engajamento dos colaboradores e fortalece a retenção de talentos. Sentir-se parte de uma organização que investe no seu desenvolvimento é um poderoso motivador para permanecer na empresa.
Melhora do clima organizacional
A mobilidade interna promove um ambiente de trabalho dinâmico e estimulante, onde os colaboradores sentem-se encorajados a explorar novos horizontes profissionais. Isso contribui para a construção de um clima organizacional positivo.
Benefícios para as empresas:
Melhor aproveitamento de expertise interna
Ao movimentar talentos internos, as empresas podem aproveitar a expertise acumulada por seus colaboradores, evitando a perda de conhecimento valioso.
Adaptação à evolução do mercado
A mobilidade interna possibilita que a empresa se adapte mais rapidamente às mudanças do mercado, alocando os profissionais certos nos lugares certos conforme as demandas evoluem.
Redução de custos de recrutamento
Investir na mobilidade interna reduz a dependência de contratações externas, economizando tempo e recursos que seriam gastos em processos seletivos.
7 dicas para promover a mobilidade interna na sua empresa
1 – Promova a transparência
Estabeleça uma comunicação clara sobre as oportunidades de mobilidade interna. Colaboradores precisam estar informados sobre o funcionamento do processo, quais são os critérios e como podem se preparar para essas oportunidades.
2- Invista em desenvolvimento profissional
Ofereça programas de treinamento e desenvolvimento que preparem os colaboradores para assumir novos desafios. Incentive a aquisição de habilidades que contribuam não apenas para suas funções atuais, mas também para futuras posições.
3 – Mapeie competências internas
Realize avaliações regulares para identificar as competências e habilidades presentes na equipe. Isso permite um alinhamento mais eficaz entre as aptidões dos colaboradores e as demandas de diferentes áreas ou projetos.
4 – Institua programas de mentoria
Implemente programas de mentoria que proporcionem orientação e apoio aos colaboradores interessados em explorar novas oportunidades dentro da empresa. A experiência de mentores pode ser valiosa na preparação para papéis mais desafiadores.
5 – Reconheça e valorize as transições
Celebre as histórias de sucesso relacionadas à mobilidade interna. Reconheça publicamente os colaboradores que alcançaram novos patamares em suas carreiras, inspirando outros a seguirem o mesmo caminho.
6 – Promova a flexibilidade
Foque em uma cultura que valorize a flexibilidade, permitindo que os colaboradores equilibrem suas responsabilidades atuais com a busca por novas oportunidades dentro da empresa. Horários mais flexíveis podem facilitar a participação em projetos paralelos.
7 – Estimule a inovação colaborativa
Crie espaços e plataformas que incentivem a colaboração interdepartamental. Inovações muitas vezes surgem da interação entre diferentes áreas, e a mobilidade interna pode ser facilitada por um ambiente propício à troca de ideias.
Como vimos, a mobilidade interna é uma estratégia importante na gestão dos recursos humanos das empresas, exercendo papel crucial no seu crescimento sustentável.